quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Ciclos
Preste atenção. Não vou repetir.
Existe uma novela de Guimarães Rosa, chamada “Estória de Lélio e Lina”. Nela, Lélio, o jovem vaqueiro, magoado por amores impossíveis, vai trabalhar em uma fazenda. Lá ele conhece Rosalina, mulher já em anos avançados e ex-criada da fazenda, que lhe apresenta o amor em sua quintessência. Ela reconhece a distância que separa os amantes do verdadeiro amor, quando diz:
- “Agora é que você vem vindo, e eu já vou-m’bora. A gente contraverte. Direito e avesso. Ou fui eu que nasci de mais cedo, ou você nasceu tarde demais. Deus pune só por meio do pesadelo. Quem sabe foi mesmo por castigo?...”
Não leia isso literalmente. Não só idade separa. Não é disso que se trata
a lembrança dessa estória. Que isso fique bem claro. Desculpe-me se subestimo.
Na verdade, essa estória é uma definição do tempo. Cada um dos seres na Terra tem seus ciclos, que podem durar segundos e, em outros casos, a eternidade, segundo sua natureza. Ciclos também são criados, quando as pessoas se encontram. E outros também são desfeitos, tudo simultâneo. Há o ciclo do menino e o da mulher e o da mãe, do homem e do pai, do amor, da terra, do trabalho, da morte, do porvir, e a renovação em outro, outros ciclos. A junção de ciclos são rios que se encontram. Formam todos um outro, a vida.
Assim penso.
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