terça-feira, 11 de março de 2014

Voo Noturno

Às vezes, começo a escrever, como agora. 
E não paro mais.

Às vezes, matuto. 
Às vezes, ágil e viril. 
Só que em descompasso. 
Horas erradas.

Às vezes, no caminho certo. 
Outras, não.

Às vezes, acordo com sonhos bons. 
Mas só às vezes.

Às vezes, imagino uma mão feminina passando a mão em meus cabelos. Sonho uma mulher que nunca existiu, 
segredando confidências e gritos de paixão e de pavor.

Às vezes acho que isso nem existe. 
Às vezes, vejo os outros acontecer assim. 
Às vezes, fico feliz ou invejo. 
Outras, odeio.

Às vezes, não sinto nada; outras, sinto tudo.

Às vezes, saio andando de olhos fechados, linha reta. 
Esperando nessa caminhada às cegas, 
voo noturno, um encontro definitivo em minha vida.

Ando, às vezes sem rumo, assim mesmo. 
Até agora, nunca tropeço, nem esbarro em ninguém. 
Atento aos sons ao redor, aqui dentro ou lá fora,
espero a resposta.

Às vezes, à espera da minha vez.

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