Desde que chegou, todos estão apaixonados por ela - os homens e mulheres da sala. Seja pela inveja ou pela atração, todos estão. Há quem goste.
Começa a cena seguinte, que dura segundos. Acompanhe:
A porta da sala se abre, como rotunda, e ele entra em direção a ela, em passo firme de urgência. Ela, que está sentada, trabalha. Sabe que ele chegou, não olha, mas sorri.
O lance é que ele não vai direto e para, mas antes volteia, com ao redor dela, com planeta e satélite. Atrai, sem toque, dá gravidade.
Eles começam a conversar. É um diálogo curto, apressado, nervoso, não menos prazeroso. Ele avança à medida que conversa. Estreita palmo a palmo a distância entre seu rosto e o dela, que tenta não demonstrar, mas gosta.
De repente, ela para, olha fixamente a ele e fala, firme. Ele recua. São segundos, eternos. Após esses instantes, sem se dar por vencido, ele ainda faz mais uma investida: estende a mão para a boca dela, com a desculpa de limpar algo. Passa os dedos nos lábios, para bem se assenhorar deles. Ela ainda tenta disfarçar, ao mirar o longe e ver se há testemunhas.
Agora, já com um passo largo e relaxado, ele caminha impávido, olhar de soslaio triunfante para trás, a conferir os olhos vítreos dela, a se morder toda por dentro de ódio e prazer, toda tremenda para ele.
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