segunda-feira, 18 de março de 2024

rascunho de conversas ouvidas no ônibus em um fim de ano

- Miga? Folgo vê-la. 
Que bom que a vejo agora sem jeito
Senta aqui comigo e junto por hora
As mágoas todas que a gente chora
Que remédio algum ainda faz efeito. 

- E eu, miga:
nem te conto mas ouve.
Todo o ano é a mesma história 
Sigo sendo lesbos do Natal na ceia
Meia não sempre irmã me humilha 
Serve selfie que toda me escanteia
Aquelazinha metida a santa do escroto
Que me pisca o cunhado pela mesa.
 
- E eu, miga? 
Meu pai pega e por nada não avisa
A tal madras lhe é tão astra
Não vê nem sente me invisibiliza
Custava ele estender o braço 
A bela duma figa dum amasso
defender esta princesa?

- E eu, miga? 
Sô tão fina que passo o rodo 
Nos amigo secreto da firma
a gente bebe e esquece todo
para não botar algum defeito
Apesar da foto ser aquela lua 
Tão linda de meu rosto inteiro.

- E eu, miga: 
Faço coach em hotel de fim de semana
Pago de quatro pila lá fico toda arrebitada 
e desenvolta deixo plantar para fazer bonito 
Cabeção de ouro nesta bela guerreira.

- E eu, miga? 
Perdoei o ex babaca que stalkeia 
Pegou geral nas minhas cadeiras
Diz ele que não quero
O erro pontual que me incendeia. 

- E eu, miga? 
Roadie de banda meu cavaleiro andante 
Quando chega esqueço tudo quanto vejo 
Sem problema ser homem feio tal desejo
Basta ele parar - e me cavalgar - somente 
De cantar e ciscar em terreiro distante.

- E eu, miga? 
Pago e faço de minhas contas 
que no final destas dores certa
Tava sempre o tempo todo
Faltava só na legal marcada  
O match o que me ponteia.

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