quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Um Tagore!

Sobrou tão pouco. Tudo o mais foi gasto num ocioso verão.
Restou apenas o bastante para colocá-lo numa canção
e
cantá-la a ti; ou para tecer uma pulseira de flores

que envolva suavemente o teu pulso
;
ou então para dependurá-lo em tua orelha como pérola

redonda e rosada, como um suspiro corado; ou
apostá-lo
numa tarde e perdê-lo completamente
.

O meu barco é pequeno e frágil, despreparado para cruzar

as ondas selvagens numa tempestade. Se embarcares levemente
,
eu te levarei, remando com doçura, ao abrigo da margem
,
onde a água escura e ondulada é como o sono inundado por sonhos
,
onde o arrulhar da pomba nos galhos inclinados fazem chorar

as sombras do meio-dia. Ao entardecer, quando
estiveres cansada,
colherei um lírio gotejante e o colocarei em teu cabelo

Depois eu me
despedirei de ti.

Rabindranath Tagore
(7, livro "Presente de Amante")

Um comentário:

Anônimo disse...

Por onde andarão os posts desse blog? O blogueiro estaria de férias?

Aprendi a colocar os links no blog. Dá uma olhada lá. Depois te ensino.

Abraço!